sexta-feira, 15 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ourivesaria Popular Portuguesa





Será no dia 09 de Maio próximo que a Dr.ª Rosa Maria dos Santos Mota – Investigadora e Mestranda em Artes Decorativas – Ourivesaria (U.C.P. – Porto) – estará presente na EMPÓRIO para mais uma “Conversa ao Balcão”, pelas 15 horas. Nas suas próprias palavras:
“Um enorme leque de motivos governa o desejo individual para possuir e usar jóias. Elas reflectem o conceito íntimo que cada um tem de si, ou deseja projectar para os outro e a visão que família, amigos, pares e meio social e cultural têm delas. São um bem transportável, uma arte íntima, que pode ser usada e constantemente apreciada, servem uma função e detêm um poder mágico ligado ao irracional de cada um e ao imaginário de todos nós. Expressam uma estética podendo estar ligadas a conceitos contemporâneos ou a conceitos tradicionais. É sobre estas últimas de que iremos falar, sobre as jóias que integram a ourivesaria popular portuguesa, as suas tipologias e as vivências que elas provocam no quotidiano de cada pessoa que as adquire e em cada mulher que as usa”.
Deixamos desde já o convite a todos quantos possam assistir e um especial agradecimento a quem nos trará um Sábado diferente.


EMPÓRIO
Rua Silva Gaio n.º 29
3500-203 Viseu

terça-feira, 5 de maio de 2009

Adiamento...

Adiamento
Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado;
mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o rnundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-me toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir... Sim, o porvir...

Álvaro de Campos, in "Poemas" Heterónimo de Fernando Pessoa